Como não se deve iniciar um romance
Início do romance: 18 de maio
de 2013
Yo Yo Ma tocando a “Suíte
para violoncelo” de Bach. Era o toque do celular dela. Diz-me que toque tens no
celular, que te direi quem és. Ledo engano. Depois que ela desligou o telefone,
perguntei se gostava de Bach.
Quem?
O compositor dessa música.
Ah, não sabia de quem era. Só
achei bonitinha. Até vou trocar, pois o som é tão baixo que às vezes não ouço.
Minha mãe fica furiosa se não atendo.
Péssima forma de se aproximar
de alguém. Pergunta errada, na hora errada e no lugar errado. Estava chegando
minha vez de ser atendido e resolvi ceder meu lugar para ela.
Cavalheiro você, hein?
Que é isso, é só uma
gentileza, já que você tem menos compra.
Obrigada, então.
Sorte a minha não haver outra
mulher atrás, caso contrário teria que fazer o mesmo para não dar na vista que
estava interessado era na moça do celular, mesmo ela não sabendo quem era Bach.
Passou todas as compras,
pagou e foi embora, sem olhar para mim. Tentei ser rápido, mas a operadora do
caixa não tinha o mesmo objetivo. Jamais a veria novamente, pensei.
Quando cheguei ao
estacionamento, a vi dentro de um carro bem próximo ao meu. Estava com
dificuldades para manobrar. Com gestos, orientei-a. Me agradeceu mais uma vez e
eu não perdi a oportunidade.
Eu poderia lhe mostrar outras
obras de Bach, o que acha?
Quem sabe?
Anotei seu número e pedi que
não trocasse o toque.
Lógico que não vou. Essa
música pode se tornar importante.
Dia 9 de julho de 2013. O
romance não vai continuar.
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