Monstro ou apenas louco?
Em “cartaz” na Netflix, Monstro: A história de Ed Gein, traz a história real do assassino que inspirou alguns personagens da literatura e do cinema, como o Norman Bates, de Psicose, primeiro o romance de Robert Bloch (ler resenha aqui) e depois a sua adaptação, imortalizada por Alfred Hitchcock, além de Buffalo Bill, de O silêncio dos inocentes, romance de Thomas Harris, transposto para as telas com o Anthony Hopkins no papel de Hannibal Lecter (dois grandes vilões numa história só!). Como estou muito preguiçoso para acompanhar séries, vi apenas de relance algumas cenas enquanto minha esposa assistia. Acabei optando por ler a graphic novel que traz o nome do sujeito como título e cujo roteiro foi escrito por Harold Schechter e as ilustrações de Eric Powell. A edição no Brasil é da Darkside.
A história começa com o anúncio da exibição do filme do mestre do suspense e suas repercussões sobre a violência que seria vista nas telas, inclusive com depoimentos de Hitchcock, retirados da entrevista concedida a François Truffaut, afirmando que “o filme é sobre pessoas perturbadas” e que “a moralidade não se aplica aos insanos”. A partir daí, seguem-se os flashbacks contando a biografia do psicopata, descrevendo primeiro a sua família, com uma mãe extremamente religiosa, controladora e rígida na criação dos filhos, o pai alcoólatra e dominado pela esposa, além de descrever a infância conturbada do futuro assassino, o que explicaria, de certa forma, sua conduta disfuncional.
Os anos passam e o pacato Ed perde seu pai, depois o irmão (numa morte suspeita) e, por fim, morre sua idolatrada mãe. Anos depois, já na década de 50, na pequena cidade cidade onde vive, uma senhora dona de uma loja acaba desaparecendo. As pistas logo levam o delegado a sua casa. No entanto, o mais chocante para os policiais, depois que descobrem o corpo, é o que encontram na sua casa: ossos, pedaços de corpos, móveis feitos de pele humana, máscaras confeccionadas de cadáveres de mulheres e outras coisas assustadoras. Isso tudo o tornará conhecido em todo os Estados Unidos.
Não sou um especialista em graphic novel, leio muito pouco esse tipo de livro, porém posso dizer que Ed Gein traz boas ilustrações que nos transportam para a época dos acontecimentos, mas não espere, leitor, imagens impactantes. Elas sugerem apenas os atos de Ed e os diálogos fazem o papel de explicitar tudo, além de nos provocar reflexões sobre a insanidade. É o rosto do psicopata, suas feições que são destacadas. É o ser humano, com seus problemas psiquiátricos, o foco da história. Quase ficamos com pena do vilão. Quase.
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