Reedição de "Os homens dos pés redondos", de Antônio Torres
O retorno dos homens de pés redondos por Cassionei Niches Petry Se o primeiro romance trazia como título Um cão uivando para a lua, no segundo, o escritor nos faz olhar para baixo, para Os homens de pés redondos. Antônio Torres publicou o livro em 1973, em plena ditadura militar. Talvez por isso a história se passe num quase fictício país chamado Ibéria. Quase fictício porque tudo nos leva a crer que se trata de Portugal, devido a algumas expressões usadas pelos personagens, como “gajo”. Por outro lado, há mais expressões do nosso próprio país e, por isso, pode-se dizer que o lugar é uma alegoria do Brasil, afinal só aqui poderia acontecer essa cena: “Júnior se encaminhou para o grupo dos mendigos. Entrou cantando junto com eles, que não se incomodaram com o novo folião. — A chuva cai, eu acho graça. Guarda chuva de pobre é cachaça”. Vivíamos sob o jugo das botas de solas arredondadas, o que nos remete à célebre frase de George Orwell, no romance 1984: “Se você quer uma ima...








