Quem afirma...
Quem afirma
que “deus” existe está necessariamente afirmando algo que não pode ser
comprovado e, consequentemente, também não pode ser convencido do contrário. Quem
afirma que “deus” não existe pode ser convencido do contrário, se forem
apresentadas evidências.
Quem afirma
que “deus” existe não está disposto a questionar sua crença. Quem afirma que
“deus” não existe pode não estar disposto a acreditar, mas aceita ser
questionado.
Quem afirma
que “deus” existe está preso a uma verdade. Quem afirma que “deus” não existe
está preso a várias dúvidas.
Quem afirma
que “deus” existe deseja de todas as formas que sua crença seja verdade. Quem
afirma que “deus” não existe deseja de todas as formas encontrar uma verdade.
Quem afirma
que “deus” existe se satisfaz com uma resposta. Quem afirma que “deus” não
existe não se sente satisfeito com várias respostas.
Quem afirma
que “deus” existe tem o direito de ter certeza. Quem afirma que “deus” não
existe tem o direito de duvidar.
Quem afirma
que “deus” existe não tem o direito de impor a outros essa certeza. Quem afirma
que “deus” não existe não tem o direito de querer que todos tenham dúvida.
Há um limite
para o nosso conhecimento. Há um espaço muito grande que está vazio. Acontece
que um preenche essa lacuna com um ser que não existe, enquanto o outro
preenche essa mesma lacuna com um ponto de interrogação. Logo, toda tentativa
de racionalizar debates sobre essa questão cai no vazio, na medida em que ambos
não têm uma resposta. Isso não significa que este tipo de discussão deva acabar,
só não pode haver o ponto final com uma verdade da fé, pois ela não pode ser comprovada.
Já dizia
Poincaré, “duvidar de tudo ou crer em tudo, são duas
soluções igualmente cômodas,
que nos dispensam, ambas de refletir". Logo, quem duvida deve ter uma abertura para
acreditar, mas será quem acredita está disposto a duvidar?
Comentários
Essa música aliterativa piedosa e enfadonha.
"Acontece que um preenche essa lacuna com um ser que não existe, enquanto o outro preenche essa mesma lacuna com um ponto de interrogação."
"Quem afirma que “deus” existe tem o direito de ter certeza. Quem afirma que “deus” não existe tem o direito de duvidar."
Leia "Uma confissão", disponibilizado no livro "ùltimos dias de Tolstói", da Cia.
Ateus existem. Amigos imaginários, provavelmente não.
Bertrand Russell certa vez escreveu que há um bule de chá girando em torno do Sol. O bule é pequeno demais para ser observado, mesmo por nossos melhores equipamentos, e também não há maneira de detectá-lo de modo indireto. Não há, entretanto, maneira de provar que o bule não existe. Então, o ideal seria manter uma postura agnóstica com relação ao bule?
Penso que não. Até que não seja apresentada evidência de que o bule existe, não há razão para aceitar isso. Mais: se houver alguns indicativos de que o bule de fato não existe, devemos ter, pelo menos, uma boa reserva com relação a ele.
Ser ateu é como não aceitar o bule sem que existam evidências para isso. Não significa, no entanto, viver fechado às evidências. Você ajusta suas crenças de acordo com as evidências disponíveis. Não vejo nada de arrogante nisso.
Um abraço e parabéns pelo trabalho no blog,
Guilherme
Abraço e obrigado, Guilherme.
Forte abraço, Cassionei
Por outro lado, jumentas falantes, a criação de organismos a partir do barro, a ressurreição de mortos, o compartilhamento da Terra por homens e dinossauros, e tantas outras alegorias, são tidos por muitos como explicações exatas da história do mundo.
Acho que chegamos ao ponto fundamental do que o Cassionei escreveu no post.
Abraço,
Guilherme
Vai que você é carente também de abraços, um forte abraço para você também.
Guilherme
http://www.adhominem.com.br/2013/11/fides-et-caritas-o-limite-da-exigencia.html
1 que ou o que não crê em Deus ou nos deuses; ateísta
2 Uso: pejorativo.
que ou aquele que não revela respeito ou deferência para com as crenças religiosas alheias; ímpio, herege.
Sem filosofices.