Sobre as críticas ao futebol e ao carnaval
Nos últimos anos,
com o crescimento das redes sociais da internet e o espaço de comentários em
sites de jornais, vieram à tona e com muita veemência,
às vezes com uma raiva inexplicável, as opiniões de uma parcela da população contrárias ao Carnaval. Assim como quem opina contra a Copa do
Mundo no Brasil, a alegação é de que verbas seriam muito melhor aplicadas em
obras que beneficiem toda a população, já que os governos não investem o
suficiente em setores básicos.
Carnaval e futebol
são manifestações da cultura popular que visam em primeiro lugar o
entretenimento, apesar de alguns os considerarem, e com razão em alguns casos,
como arte. Quem as produz vem, geralmente, de uma camada mais pobre da
população e aí já se poderia pensar em um preconceito social e inclusive racial
nas críticas. É um dos motivos, mas há outros fatores, até porque há uma elite
econômica que consome essas manifestações, como se percebe através dos preços
elevados dos ingressos nos estádios ou no sambódromo do Rio de Janeiro. Não quero
me deter nisso, pois reduz a discussão. Pretendo comentar sobre os argumentos
tolos de quem condena o entretenimento.
Nossa nação tem
muito dinheiro. Há verbas para tudo, tanto para os bens essenciais quanto para os
considerados supérfluos. Quem critica o dinheiro público gasto em futebol ou
carnaval, alegando que deveria ser aplicado em hospitais, por exemplo,
desconhece que há uma divisão nas verbas que chegam através de impostos, sendo
uma parte maior destinada à saúde, outra à educação e também sobra algo para o
esporte e a cultura. Esses recursos não foram desviados dos outros setores. Os
detratores da Copa ou do Carnaval erram o foco de suas críticas. Em vez de
atingir os governantes, atingem pessoas simples que buscam, mesmo que seja
apenas pela TV, uma forma de entretenimento que as fazem felizes. Não é
alienação, é diversão.
Acredito que algumas
artes são superiores a outras. Sou dos que reforçam a existência de uma alta
literatura, em contraponto a uma literatura de consumo, e que um pseudo funk ou
sertanejo universitário não têm o mesmo valor do que a música clássica ou um
rock do Rush. Também considero o BBB um lixo descartável. Porém, são
manifestações culturais ou momentos de entretenimento de que algumas pessoas necessitam.
Pode haver crítica, mas não da forma raivosa e sem argumentos consistentes como
se lê nas redes sociais.
Vida longa ao
futebol, ao carnaval, aos filmes (inclusive os de entretenimento), aos livros
(inclusive os de entretenimento), à música (inclusive as ruins), às novelas e a
qualquer programa de televisão!
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