Anotações sobre a leitura de Contos e novelas reunidos, de Sérgio Sant’Anna
Lendo e relendo
algumas obras de Sérgio Sant’Anna em Contos e novelas reunidos, “tijolo”
de mais de 700 páginas publicado pela Companhia das Letras em 1997, mas já fora
de catálogo. Conhecia sua obra através da coletânea de contos Notas de Manfredo Rangel, repórter (a
respeito de Kramer) e fui capturado pela escrita experimental e sofisticada
do autor. Depois fui lendo erraticamente outras obras e já escrevi aqui no blogsobre O livro de Praga.
Um dos livros reunidos
no volume é O monstro, de 1994. Na sua
edição original tinha o subtítulo “três histórias de amor”, que não consta na
edição de 97. Na primeira novela, “A carta”, temos Beatriz, uma engenheira que
escreve uma longa carta para Carlos, um secretário de governo do estado de São
Paulo, com quem teve uma aventura sexual numa pequena cidade.
“O monstro” é composto
por uma entrevista do professor de filosofia Antenor Lott Marçal para uma
publicação sensacionalista. Acusado por ter, juntamente com sua namorada, estuprado
e assassinado uma mulher cega, a história do professor antecipa de certa forma
o enredo de Um crime delicado,
romance publicado também em 97. Em “O monstro”, porém, o crime não tem nada de
delicadeza.
Por fim, “As cartas
não mentem jamais” acompanha um pianista brasileiro famoso, Antônio Flores, num
quarto de hotel em Chicago com uma jovem de 16 anos. Arte e jogo se misturam
numa trama sexual, em que o músico relembra fatos de sua infância, ora para a
jovem com quem vive uma noite de amor, ora para o suposto pai da moça, um
cientista, e a mulher que está com ele em outro quarto, uma psicanalista que
foi amante de Godard.
Como costuma acontecer
neste blog, talvez as notas de leitura sobre o “tijolo” de Sérgio Sant’Anna não
continuem. A leitura, porém, continuará durante o resto das minhas férias.
Será?
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