Praia, livros




Para quem vive no centro do estado do Rio Grande do Sul, longe do litoral, a ida à praia é sempre uma emoção. Deparar-se com aquela enormidade de água a sua frente, banhar-se, brincar nas ondas e sentir o doce sabor salgado do oceano me transforma em criança e me faz relaxar.
Claro que há coisas muito ruins como a areia quente, o preço alto do alimento e da bebida, o sol queimando a pele, o cansaço no final do dia. Mas aquele chato que sou no resto do ano deixa tudo isso de lado e curte o que a vida tem de melhor e para de reclamar um pouco.
Engraçado é que, homem literário que sou, que vive a literatura quase 24 horas no seu cotidiano, eu acabo me esquecendo dos livros. Leio muito pouco e os exemplares que levo na mala quase não são abertos. Demorei parar terminar a leitura de O país dos ponteiros desencontrados, do Flávio Moreira da Costa, e de Historias desaforadas, do Adolfo Bioy Casares.
Ontem, porém, passeando pelo centro da cidade litorânea, encontrei um sebo e, claro, me embrenhei nas estantes abarrotadas de livros, revistas e LPs antigos, praticando a atividade que me faz ser o que sou. Não por acaso minha coluna no jornal se chama “Traçando livros”. Viro uma traça de livros velhos, procurando aquele título que não tenho e que esteja mais barato.
Comprei Castelos de papel, do Menalton Braff, escritor que admiro e com quem mantenho contato no twitter e no facebook. Adquiri também um volume duplo de contos, A Espinha dorsal da memória/Mundo fantasmo, do Bráulio Tavares, com o qual também mantenho contato no twitter e que já me mandou um exemplar autografado de uma coletânea que organizou.
Infelizmente, na minha cidade não há sebos muito bons. O único que existe possui pouquíssimos títulos. Pelo menos temos a internet para resolver esse problema, sendo que já me tornei um comprador de sebos do Brasil inteiro. Mas gosto mesmo é de folhear os exemplares, cheirá-los, revirar estantes e encontrar volumes que nem estava procurando especificamente. E, claro, busco livros com preços que não sejam tão salgados como a água do mar ou o valor do almoço nos restaurantes.

Comentários

Carlinus disse…
Entendo essa sua alegria pueril e essa, não menos intensa, compulsão de viciado livresco, Cassionei. É terrível! Ando a desfrutar as migalhas finais de minhas férias com Munro, Chesterton e Hobsbawm. E acabei de comprar três livros do Cioran e um outro do Todorov na Estante. Droga!

Abraços e bom início de ano!
Cassionei Petry disse…
Obrigado pela leitura.

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