Minha crônica no jornal Gazeta do Sul de hoje
Razões para o jovem não ler
Como a moda agora é dar razão às
vítimas do sistema – e no meu caso, como professor de ensino médio, a vítima é
o jovem – espero contribuir com argumentos para que esse não leitor tenha
algumas justificativas para continuar não lendo.
Ler não serve para nada.
Percorrer os olhos sobre um amontoado de letras que dizem algo que pode muito
bem ser mostrado num filme, fotos e ilustrações é uma perda de tempo. Na era
das imagens e da informação rápida e precisa, não é necessário ler palavras,
salvo as curtas e abreviadas ou grunhidos.
Ler livros não é relevante. Hoje,
muito mais relevante é ler mensagens instantâneas no celular, frases que
enriquecem a vida do jovem como “eae, blz” ou “sem or, q c feis hj kra”. Para
que debruçar-se sobre um livro com vocabulário considerado não se sabe por quem
como mais diversificado, se o jovem pode-se debruçar sobre a telinha do celular
que comporta apenas palavras mais breves, grunhidos?
Ler um livro faz o jovem ser ridicularizado pelos seus
amigos. Ora, quem lê está fazendo algo que os adultos fazem e tudo o que os
adultos fazem (com exceção de sexo, poder dirigir, beber, ter mais liberdade) é
caretice. E todo jovem não gosta de ler porque o professor, adulto, pede que
ele leia, e se todos não gostam, o negócio é seguir a massa e não ser diferente
para não se sentir deslocado.
O jovem deve ler apenas o que
diga algo para sua vida. Por que ler uma literatura diferente, que amplie o
conhecimento, diga verdades incômodas, nos faz viajar para outros lugares mesmo
estando no nosso quarto, nos faz conhecer outras realidades, amplia
vocabulário, enfim, se se pode ler um livro de escritor que diz o que o jovem
quer ouvir, fala apenas sobre a sua realidade, o seu mundinho fechado e com uma
linguagem simples que não faz a pessoa ter o trabalho de procurar o significado
da palavra no dicionário?
Poderia elencar uma porção de outros motivos para não ler,
mas acredito que não teria nenhum efeito, afinal quem não gosta de ler nem
passou da leitura do segundo parágrafo desta crônica.
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