O País parou mesmo?


No Brasil, os conservadores querem mudanças, enquanto os ditos revolucionários querem deixar tudo como está. Pelos menos no que se refere à previdência ou às leis trabalhistas. “Vivíamos no melhor dos mundos possíveis”, afirma o Pangloss (referência a um personagem otimista do filósofo Voltaire) que vive na pobreza há muitos anos, pulando de um emprego a outro, morando até de favor e mesmo assim grita que lhe tiraram o seu melhor mundo.

Há também o Pangloss rico que estende seus tentáculos paras as salas de aulas, do ensino básico ou do ensino superior, acha que ele está certo, que está defendendo aqueles que necessitam, mesmo que aqueles que necessitam não concordem com que ele pensa. É aquele sujeito cheio da grana, que conseguiu bons empregos, que se deu bem na vida e que depois viu a fonte secar, pois o dinheiro não cai do céu, mas sim de raspagens de cofres públicos, de acúmulos de dívidas que levaram a fonte a uma crise econômica. Ora, se o pobre que nunca se beneficiou da fonte dele não pensa como ele, esse pobre é burro, é manipulado, é o idiota útil que não vê que está precisando da verdade que ele detém: de que vivíamos no melhor dos mundos possíveis e que de uma hora para outra, como num passe de mágica, tudo virou contra o pobre. Por que só agora a revolta e por que a crítica contra quem antes se revoltou?

Quem estava nas ruas na “greve geral” do dia 14 de junho? Foram funcionários públicos, estudantes, sindicalistas e militantes partidários. O Brasil não é formado apenas por essas pessoas. O comércio estava funcionando, as empresas estavam em pleno funcionamento. A maioria da população estava trabalhando. Muitos gostariam de parar, mas não há leis que as amparem. Aliás, os funcionários públicos lutam para manter privilégios que a maioria da população não tem. Os sindicatos lutam para manter a grana que entra nos cofres e pelo direito de não trabalhar para poder protestar. Os estudantes têm a rebeldia no sangue e são motivados a ir às ruas por ser do contra e pronto (e para alguns matar aula é a motivação). Os militantes partidários, por seu turno, saíram às ruas preocupados em trazer de volta o poder para suas mãos.   

A maioria da população estava trabalhando, porque precisa se sustentar. Muitos não são empregados dos “terríveis patrões”, são empreendedores também: o pedreiro que trabalha por hora e não tem seu dinheiro garantido se parar; a cabeleira que conta com o dinheiro que pinga dia sim, dia não no seu caixa; a diarista que trabalha em diferentes casas e não recebe se não trabalha; o jardineiro, pois justamente na sexta é o dia em que tem mais serviço e não pode parar. O Brasil parou? Claro que não.

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