Microrresenhas (2)


“senti sede no açude do gado

eis-me agora, boi confinado”

 

De “Extemporâneo”, livro de Delalves Costa (Editora Coralina), um poeta complexo, difícil, que não subestima o leitor, por isso fora do seu tempo, de poetas e poesias fáceis. Ele convida o leitor a (des)construir e (des)montar o poema, a (re)ler e (des)ler, como em “Subalter (nos – a vaca de Scliar)”, em que escreve

 

“A vaca é nós, leia-

se leitor – eis esta hora-poesia

alma intertextual”

 

dialogando com um conto de Moacyr Scliar. Na minha (des)leitura, o leitor é devorado aos poucos pelo escritor, que sobrevive com a antropo(?)fagia, (“Antropofágico, reconstruo /o inconstante na carne”) e o leitor, despedaçado, ainda o lê, subordinado ao canibal,

 

“ora canibal ora mito

ver-se não circunscrito

a estercar-se de palavras”,

 

diz o eu lírico em outro poema. Para adquirir a obra, acesse o site da Editora Coralina.


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