Da orelha que poderia ter sido e que não foi
Sempre tive
admiração pelos livros de Paulo Ribeiro, escritor gaúcho que tinha certa
projeção aqui no RS, afinal era um dos autores cujas obras eu via (aqui do
interior) serem resenhadas nos cadernos de cultura dos principais jornais de
Porto Alegre. Eu queria chegar lá.
Um dia, o adicionei
no Facebook, continuei acompanhado seu trabalho e ele lia as minhas críticas.
Certa vez, me enviou seu livro, me pediu que escrevesse uma resenha e tentasse
publicá-la na Zero Hora ou no Caderno de Sábado do Correio do Povo, pois eu já
colaborei com os dois jornais (ainda colaboro com o CP). Gostei do livro,
"O transgressor", escrevi e consegui publicar a crítica no Caderno de
Sábado. Gostando do resultado, me pediu que escrevesse a orelha da obra
seguinte, já que o Vítor Ramil, que a escreveria, havia recusado o convite por
falta de tempo.
Tive a honra de ler
em primeira mão o novo livro e elaborei, com orgulho que expressei à época nas
redes sociais, o texto da orelha. Ele adorou, mandou para o editor e aí começou
a confusão. O editor apontou um erro meu sobre um personagem da mitologia e eu
corrigi, pois realmente errei. No entanto, o editor continuou não gostando do
texto e, o pior, o publicou modificado, no site e nas redes sociais da editora,
com erros gramaticais e frases truncadas escritas por ele, não por mim.
Prontamente pedi que retirasse o texto e publicasse o que eu havia mandado,
pois me esforçara para corrigi-lo e reescrevê-lo, mas aí o editor recusou a
orelha. Para não se indispor com o editor, o escritor acatou a decisão. Como eu
relatei que fiquei chateado pela situação, pois me esmerei para ler e escrever
sobre o livro, o que para mim seria um orgulho, e não fui defendido pelo
escritor, ele desfez a amizade comigo aqui no Face e acho que até me bloqueou.
Isso aconteceu há
uns dois anos. Como não sou de muita polêmica (se caio em alguma, é de forma
involuntária, pois nem mesmo sobre a retirada do meu livro de uma biblioteca
escolar, considerado impróprio, eu quis repercutir), deixei passar tudo. Como o
texto ficou inédito e acho que ainda vale ser lido, o publico por aqui, até
para incentivar a leitura da obra, apesar da ingratidão do autor comigo. Já fui
bloqueado algumas vezes por fazer críticas negativas. Por elogiar uma obra, no
entanto, foi a primeira e única. Ê, mundinho literário!
"Paulo Ribeiro, em Um cara coçava as
costas da minha mãe no baile, nos apresenta mais uma história de Bom Jesus,
cidade natal do escritor, que se transformará, no seu próximo romance, em Oaio
do Sul (que já é cenário de alguns contos de O transgressor, livro que antecede
a este que o leitor tem em mãos).
Achilles é o herói desta narrativa e, como
seu homônimo grego, é criado pela mãe, Carmem, e tem 9 anos. Uma noite,
trabalhando de garçom, apesar da pouca idade, para o Seu Doca, na reabertura do
salão de baile famoso na cidade, o filho vê um homem acariciando sua mãe
enquanto dançavam e passa a entender, na visão limitada de uma criança que
começa a conhecer a vida, por que seus colegas de colégio o chamavam de
“feladaputa”.
A música tem um papel importante nas
reflexões de Achilles (e também de seu filho), desde as mais populares, como as
de Pedro Bento e Zé da Estrada, até à erudita, passando por The Beatles e pela
música eletrônica dos anos 70 (época em que se passa a maior parte do enredo) e
2000. “The hall of mirrors”, da banda Kraftwerk, utilizada numa propaganda de
sapatos, é a chave para o entendimento do romance: “O vento sopra pra frente e,
como um ímã, aquele grupo alemão nos indicava a trilha a seguir”, diz o
protagonista. Paulo Ribeiro busca ir adiante, rompendo fronteiras, tanto
geográficas como artísticas. Este romance é um passo largo e firme do
escritor.”
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