Diário crônico: Livros, “shelfies” e ostentação
Diário crônico, uma crônica diária, por Cassionei Niches Petry
(III)
Livros, “shelfies”
e ostentação
Já fui há um bom
tempo adepto das “shelfies”, espécie de “selfie”, só que de estantes de livros,
uma vez que andei postando nas redes sociais a evolução das prateleiras da
minha biblioteca, uma espécie de ostentação, outra palavrinha que já esteve na moda.
Pode ser pelo simples exercício de narcisismo ou para incentivar outros a
também formarem a sua biblioteca. Não sei qual o meu caso, mas prefiro
compartilhar nas redes sociais fotos dos livros que tenho a postar fotos do que
estou comendo (se bem que já compartilhei fotografias minhas assando um
saboroso churrasco). Apesar de estar acima do peso, devoro mais livros do que
comida.
Por outro lado,
surge a questão: por que tantos livros? A pergunta comum que ouço é se já os li
todos. Lógico que não, porém o simples fato de tê-los à disposição para ler a
hora que quero, folhear e cheirar de vez em quando, consultar um trecho, correr
os dedos sobre as lombadas, apreciar sua disposição nas estantes, etc.,
justifica a construção de uma biblioteca particular. Ora, não pergunto para
ninguém por que a pessoa assina um pacote de TV a cabo com centenas de canais
se não pode assistir a todos!
Não façam essa
pergunta a um leitor como eu. É uma questão que não merece ser respondida.
Além das quatro
estantes abarrotadas de livros que tenho no meu escritório (que chamo às vezes
de caverna, outras vezes de toca, outras de bunker ou simplesmente meu quartinho)
e as mesas com pilhas e mais pilhas, tenho talvez milhares de livros em
diferentes formatos digitais que abarrotam arquivos no computador. Muitos foram
comprados, outros presenteados e alguns baixados de diferentes sites na internet,
inclusive para apreciação para depois compra-los na versão impressa
tradicional. Boa parte eu não teria condição de ler, principalmente as edições
estrangeiras, que se tornam muito caras para adquirir.
Pois a cada mês a
quantidade de livros vai aumentando, novos lançamentos e relançamentos vão
surgindo, novos títulos aparecem na Estante Virtual, que reúne sebos do Brasil
inteiro e facilitou a venda de volumes usados, novos “e-books” aparecem para
download. E a necessidade de comprar mais uma estante e aumentar a memória do
computador cresce em proporção.
Tantos livros para
ler e tão pouco tempo para fazê-lo. E ainda insisto em escrever. Não seria
melhor parar de escrever para somente ler?
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