Sobre letras do Humberto Gessinger
Escrevi um comentário em um tópico da comunidade Analisando letras dos Engenheiros do Hawaii, sobre se ele seria ateu. Achei interessante postar aqui:
Sou ateu, mas nem por isso tento ver o mesmo modo de pensamento nos meus ídolos. "Ninguém=ninguém."
O que o pessoal tem que pôr na cabeça é que um compositor, quando escreve uma letra de música, cria junto uma "voz", que na literatura é chamada de "eu-lírico" ou "eu-poético". Por exemplo, quando Chico Buarque escreve "quero ficar no teu corpo, feito tatuagem (...) e me perpetuar em tua escrava" ele não está fazendo uma declaração homossexual, mas sim criando um "eu-lírico" feminino. Ou seja, não podemos confundir o compositor com o eu-lírico ou o ficcionista com o narrador.
HG, se já se declarou católico, deve sê-lo e, por conseguinte, acredita em um deus. Porém ele cria "eus" que são ateus, agnósticos, descrentes. Muitas músicas, a maioria talvez, expressam o sentimento dele mesmo. Em outras ele provoca questões, interrogações, e é isso que o faz diferente de muitos compositores, que escrevem letras que mais parecem de "auto-ajuda", que nos dão respostas prontas. A verdadeira arte nos provoca, não nos consola.
Sou ateu, mas nem por isso tento ver o mesmo modo de pensamento nos meus ídolos. "Ninguém=ninguém."
O que o pessoal tem que pôr na cabeça é que um compositor, quando escreve uma letra de música, cria junto uma "voz", que na literatura é chamada de "eu-lírico" ou "eu-poético". Por exemplo, quando Chico Buarque escreve "quero ficar no teu corpo, feito tatuagem (...) e me perpetuar em tua escrava" ele não está fazendo uma declaração homossexual, mas sim criando um "eu-lírico" feminino. Ou seja, não podemos confundir o compositor com o eu-lírico ou o ficcionista com o narrador.
HG, se já se declarou católico, deve sê-lo e, por conseguinte, acredita em um deus. Porém ele cria "eus" que são ateus, agnósticos, descrentes. Muitas músicas, a maioria talvez, expressam o sentimento dele mesmo. Em outras ele provoca questões, interrogações, e é isso que o faz diferente de muitos compositores, que escrevem letras que mais parecem de "auto-ajuda", que nos dão respostas prontas. A verdadeira arte nos provoca, não nos consola.
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