Filosofices de segunda
Às vezes acho que sou um vidiota. Assisto bem pouco à TV. Aliás, dificilmente me sento no sofá com a família para isso, o que me faz ganhar alguns puxões de orelha da patroa, por ficar pouco com ela e minha filha. Mas como o aparelho está sempre ligado aqui em casa, acabo indiretamente assistindo, seja ouvindo aqui do meu cantinho de leitura ou nas idas ao banheiro.
No domingo, temos um circo de horrores na grade televisiva e um dos grandes responsáveis por isso é o Gugu. Ontem, por exemplo, foram dedicados uns bons minutos para a mulher que tem o maior par de seios do Brasil e as agruras pelas quais ela está passando a partir dessa bizarrice. Durante os trechos que ouvi, ela dizia “estar orando”, “pedindo a Deus”, e que outras pessoas estariam nessa corrente de fé em seu favor. Claro que os religiosos, por sua limitação de inteligência nesses casos (leiam bem, estou escrevendo nesses casos), não se questionam por que motivo esse “Deus” deixou a pessoa em um estado lastimável de saúde e agora pode ajudar a resolver o problema. Mas o cômico de tudo, em se tratando de um programa da Record do Reino de Deus, e depois de a entrevista invocar várias vezes a fé da moça, é que a matéria fechou com a música “Imagine”, de John Lennon. Para quem não conhece minimamente a língua inglesa, pode não estar entendendo o que há de engraçado nisso. Mas deem uma lida nos versos traduzidos da 2ª estrofe:
Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Preciso acrescentar alguma coisa, digníssimos leitores? Sobre essa música já relatei um caso parecido aqui no blog.
Outro momento em que assisto alguma coisa é antes de dormir. Ontem, vi um programa que o Luciano do Valle apresenta junto com a sua esposa na Band aqui do Rio Grande do Sul. Falando sobre a sua virtude em narrar, ele disse que só pode ser de Deus e explicou o motivo de ele pensar assim. Quando tinha 6 anos, ele brincava de narrar, mesmo, segundo ele, sem nunca ter escutado rádio. Acreditam nisso? Me lembrei da minha história pessoal, também já relatada aqui no blog, de como aprendi a ler sozinho. Eu juntava as letras de todas as palavras que via (inclusive os nomes dos candidatos na propaganda eleitoral) sem nenhuma ajuda e não sei nem mesmo como conhecia as letras do alfabeto. Seria coisa de Deus? Devo me converter? Cartas para a redação.
Para não dizer que não falei da Globo, há pelo menos uma cabeça lúcida que trabalha lá em meio a novelas espíritas e apresentações de padres cantores: Chico Anysio. Talvez até por ser muito crítico não dão mais tanto espaço para ele. Leiam o que escreveu no seu blog:
DEUS? QUE DEUS?
Mas confesso: algum tempo atrás eu ficaria feliz ao ver o pessoal aqui de casa deixando de assistir à Vênus Platinada. Hoje, no entanto, fico triste ao ver que a Record está tomando o posto de preferida. O Bi$po agradece.
Comentários
Bom post, psor!
abs
Renato Miranda
Bah, Renato, finalmente comentando no meu blog, hein? Valeu.