O grito
Cassionei Niches Petry
Um ser sem sexo definido, mãos na cabeça tampando os ouvidos, solta um grito (assim pensamos pelo título da obra). Desespero? Medo? Angústia?
Ele está sobre uma ponte e, ao fundo, podemos ver duas pessoas paradas. “Quem são eles? Quem eles pensam que são?”, pergunta uma música dos Engenheiros do Hawaii. Estaria o ser fugindo dessas pessoas? Ou elas estariam apenas observando, indiferentes, o sofrimento dele?
A ponte é uma ligação. “Quando um muro separa, uma ponte une”, diz os versos da música “Pesadelo”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós. Mas a figura grita justamente no meio da ponte. Estaria divida entre estar sozinha, longe de tudo, ou estar entre outras pessoas em um mundo assustador?
Bem ao fundo, em uma lagoa ou rio, há pessoas andando de barco. Se for uma lagoa, representa o conservadorismo. Se for um rio, representa a mudança. Ou seja, deixamos as coisas como estão ou faremos de tudo para mudar a vida do nosso semelhante que está no desespero? Em outra leitura, ponte seria a doca do Oslo Fjord, na Noruega, o que simbolizaria a imensidão dos nossos pensamentos (mar), sufocados pelas coisas externas (fiordes).
Enfim, como tantas obras de arte, mas de um modo muito especial, o quadro “O grito”, de Edvard Munch, nos faz refletir sobre a condição humana. Olhemo-nos, então, nesse espelho.
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