Contra tudo e contra alguns continuo fazendo literatura
Contra tudo e contra alguns
continuo fazendo literatura, mesmo sabendo que não vou ganhar nada
(financeiramente) com isso, mesmo sabendo que vou ter de ouvir alguém dizendo
"não vai me dar de presente teu livro?", essa mesma pessoa quem tem
um celular muito caro ou compra "best-sellers" e acha, claro (vivo, tim),
meu livro muito caro, mesmo sabendo que alguma biblioteca que compra todos os
livros da moda não vai comprar meu livro porque espera que eu o doe ou porque
não interessa a ela de ter minha insignificante obra em seu acervo. Estou com
dívida no cartão de crédito para financiar uma tiragem pequena do meu livro,
mas não me importo mais como me importava antigamente. Sei do meu lugar, sei da
minha insignificância como já disse muitas vezes por aqui, mas sei também que
para algumas pessoas eu tenho algo a dizer e escrever. É para elas e para mim
mesmo que escrevo, vou continuar escrevendo, mesmo que não publique mais nada
(encerrei o ciclo de ter que bancar a publicação. Se for para publicar, que
seja por uma editora que aposte em mim, o que vai ser muito difícil,
impossível, diria). Lancei um livro de contos que foram elaborados durante mais
de 10 anos, depois de muita leitura e dedicação à literatura; um romance
escrito em dois anos, mas gestado em outros dois ou três anos, junto com notas
sobre o processo de criação, lendo para isso muita teoria literária e textos
sobre suicídio, ateísmo e metaficção, temas principais da narrativa; contos em
algumas antologias por aí; centenas de artigos, crônicas resenhas, em jornais e
sites, esperando, quem sabe, serem reunidas em um livro, talvez temático; aforismos,
letras de música, roteiros e mais alguns outros escritos estão na gaveta, nos
arquivos do computador ou no blog; tenho textos sendo recusados (ou silenciados)
por editoras, jornais e revistas. Penso em iniciar uma nova fase, me dedicar a
ensaios acadêmicos (que são mais valorizados para quem pensa em dar aulas na
universidade), quem sabe um doutorado ali adiante. São pensamentos que nem sei
por que estão sendo escritos e jogados na rede. São palavras que me cutucam e
pedem para sair.
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