Sobre livros que me enviam

 


Fico feliz por lembrarem deste crítico literário perdido no interior do Rio Grande do Sul e valorizarem minhas resenhas quando me mandam livros de cortesia. Confesso, sem nenhuma vergonha, apesar de ser um sujeito envergonhado, que um dos meus objetivos era esse quando comecei a escrever críticas. Quem não gosta de ganhar livros? Para quem os envia para este plumitivo, porém, deixo, pretensiosamente, algumas orientações.

Não garanto que vou escrever uma resenha sobre a obra, tampouco dou retorno pessoal sobre o que achei, caso contrário viraria uma consultoria. Da mesma forma, posso ter gostado da obra, mas mesmo assim não ter encontrado a veia para fazer jorrar o texto. Por outro lado, posso não ter gostado do livro e ficar constrangido de dizer isso direto para o autor, mas se eu escrevo a resenha, aí não poupo nem figurão.

Algo que eu fazia até há pouco tempo era postar foto dos livros que chegam aqui na toca (como chamo minha biblioteca e lugar de escrita), divulgando a obra, sem juízo de valor. Não vou mais fazer isso por dois motivos. Certa vez, um escritor importante (fiquei honrado pela cortesia, pois não me mandou livros para resenhar, até porque nem precisa mais disso, e sim para que eu completasse todas as obras dele na minha biblioteca) me pediu para não divulgar a cortesia porque muitas pessoas pedem a ele livros de presente. Isso é realmente incômodo. Eu que o diga, pois pedem livros para mim sendo que sempre precisei pagar as edições. O outro motivo não vou externar. Também não vou, a partir de agora, marcar o autor nas postagens das redes sociais, para não constrangê-lo se a crítica é negativa e para não parecer que é algo feito na amizade ou puxa-saquismo, se positiva.

É bom que fique claro que não peço livros para ninguém (com raríssimas exceções), nem mesmo versão em PDF, pois sou muito retraído, tímido. Fiquem à vontade, porém, para me enviar, inclusive uma versão digital no inbox das redes sociais ou por e-mail.

Implementei essas orientações porque há escritores que ficam cobrando leitura, já me trataram mal por não ter dado retorno sobre o livro enviado. Que fique claro: não ganho nada pelo que escrevo, nem mesmo dos jornais onde eu tinha coluna, minha crítica literária é amadora no sentido de amar mesmo. Só recebi direitos autorias duas vezes quando textos meus foram escolhidos para aparecer em livros didáticos. Sou professor em escola pública, com todos os bônus e ônus dessa profissão, então nem sempre posso ler e comentar todos os exemplares que me enviam, muito menos posso comprar muitos livros. Leio até livros de sites de compartilhamento, ditos piratas, que considero uma biblioteca acessível a quem gosta de ler muito, cinco, dez, quinze livros por mês, mas tem condições de comprar não mais do que dois ou três.

Pode parecer pretensioso da minha parte, mas a prática diária me obriga a tomar essas providências. Peço compreensão.


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