Noites literárias

Foto do Leonardo Brasiliense, publicada no seu blog, no sarau com o Escobar


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As noites de quinta e sexta foram especiais para os amantes da boa literatura. Ouvir Daniel Galera, Leonardo Brasiliense, Altair Martins e, de quebra, conhecer a poesia de Escobar Nogueira não tem preço – não me livro da mania dos clichês.
Na quinta, assisti à palestra, ou melhor, bate-papo entre Galera e Brasiliense, mediado pelo prof. Norberto Perkoski (meu personagem de uma crônica). Tive a oportunidade de fazer um depoimento sobre Mãos de cavalo, romance com o qual me identifiquei muito, principalmente com o protagonista, o Hermano. Uma das dicas do Daniel é de que o escritor pode imitar descaradamente os seus mestres, por que não? O Leonardo, por sua vez, nos aconselha a escolher aquilo que nos satisfaz. Se estamos inquietos, por que não mudar, como ele fez ao tentar se dedicar ao cinema?
Na sexta, fui primeiro ao sarau do poeta Escobar Nogueira, na livraria Iluminuras. Além de conhecer a excelente figura, conheci o Altair Martins. Fomos depois para Unisc, para ouvir a palestra do Altair, com o a condução do prof. Elenor, que convidou o Escobar para compor a mesa. Tivemos o privilégio, dentre outras coisas, de ouvir trechos do romance do Altair, provisoriamente chamado Um país todo renúncia, que será publicado em 2013. Posso dizer: será uma grande obra, que vai dar muita repercussão. Além disso, na frente de todos, ele burilava os originais do livro, acrescentando trechos e corrigindo. Privilégio.
Como se não bastasse, fomos ao Centenário e, na companhia de um bom churrasco, Brasiliense, Escobar, Romar Beling, Luís Fernando Ferreira e eu conversamos sobre literatura, trocamos dicas de livros e filmes, antecipamos projetos literários... Enfim, noites perfeitas para quem, como eu, respira literatura.
Poema recitado pelo Escobar, inspirado em uma das histórias de sua infância:


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VELHOS AMIGOS
(Escobar Nogueira)

Quando formos amigos de novo,
te darei uma volta na minha bicicleta
e repartiremos a bergamota
sem contar os gomos.
Num vidro de compota,
conservaremos nossas bolitas
como frutas cristalizadas,
pois seremos, novamente, sócios e amigos.

Quando formos amigos de novo,
vou gritar "Já!"
e apostaremos corrida
do portão da escola
à porta de nossas casas,
e será mulher do padre
quem chegar atrás,
pois seremos, novamente, vizinhos e amigos.

Quando formos amigos de novo
e tu faltares às aulas,
assinarei teu nome nos trabalhos,
te emprestarei meus cadernos
e, no dia da prova,
te passarei a resposta na borracha,
pois seremos, novamente, colegas e amigos.

Quando formos amigos de novo,
terão que bater em nós dois
para bater em um de nós,
e se minha briga for contigo,
como se nada tivesse ocorrido,
voltaremos a brincar,
pois seremos, outra vez, crianças e amigos.

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