Cortázar e BBB

A maneira como a mídia divulga o programa Big Brother Brasil, que estreia hoje, me faz lembrar do conto “Casa tomada”, de Julio Cortázar. No texto do escritor argentino, dois irmãos ouvem sons em alguns cômodos da habitação em que vivem sozinhos e concluem que cada peça está sendo ocupada, não se sabe por quem, até que eles acabam ficando na rua. É o que sinto quando entro em qualquer site de notícias, quando abro o jornal (aliás, nem é preciso abri-lo, pois o “olho” do BBB já está estampado na capa), quando ligo o rádio, etc. Aos poucos, tudo que se relaciona ao reality show global vai tomando espaço nos canais de comunicação de tal forma que não se pode escapar dele. Mesmo não assistindo, ou não querendo me informar sobre o programa, sei que vou fiar sabendo de tudo o que vai acontecer lá dentro , assim como vou ter que ouvir meus parentes e amigos falando sobre os “heróis” da casa mais vigiada do Brasil. Pois é, nem o meu blog vai escapar...

Acontece que tento entender, através dos meus textos, o ser humano e suas relações com o mundo. Nesse sentido, não posso fugir daqueles que estão invadindo minha casa. Por isso, mesmo odiando o Big Brother, não vou me furtar de comentá-lo e relacioná-lo às artes – 1984, de George Orwell, é inevitável –, à mitologia, à sociologia ou à filosofia, como já fiz no ano passado em textos que vou repostar.

Portanto, aproveito para fazer um olhar crítico sobre o programa e, de uma forma geral, sobre a televisão, essa caixa de ilusões que é o espelho de nós mesmos.