Diário crônico XXIX – Razões para o jovem não ler
Como
a moda agora é dar razão às vítimas do sistema – e no meu caso, como professor
de ensino médio, a vítima é o jovem – espero contribuir com argumentos para que
esse não leitor tenha algumas justificativas para continuar não lendo.
Ler
não serve para nada. Percorrer os olhos sobre um amontoado de letras que dizem
algo que pode muito bem ser mostrado num filme, fotos e ilustrações é uma perda
de tempo. Na era das imagens e da informação rápida e precisa, não é necessário
ler palavras, salvo as curtas e abreviadas ou grunhidos.
Ler
livros não é relevante. Hoje, muito mais relevante é ler mensagens instantâneas
no celular, frases que enriquecem a vida do jovem como “eae, blz” ou “sem or, q
c feis hj kra”. Para que debruçar-se sobre um livro com vocabulário considerado
não se sabe por quem como mais diversificado, se o jovem pode-se debruçar sobre
a telinha do celular que comporta apenas palavras mais breves, grunhidos?
Ler
um livro faz o jovem ser ridicularizado pelos seus amigos. Ora, quem lê está
fazendo algo que os adultos fazem e tudo o que os adultos fazem (com exceção de
sexo, poder dirigir, beber, ter mais liberdade) é caretice. E todo jovem não
gosta de ler porque o professor, adulto, pede que ele leia, e se todos não
gostam, o negócio é seguir a massa e não ser diferente para não se sentir
deslocado.
O
jovem deve ler apenas o que diga algo para sua vida. Por que ler uma literatura
diferente, que amplie o conhecimento, diga verdades incômodas, nos faz viajar
para outros lugares mesmo estando no nosso quarto, nos faz conhecer outras
realidades, amplia vocabulário, enfim, se se pode ler um livro de escritor que
diz o que o jovem quer ouvir, fala apenas sobre a sua realidade, o seu mundinho
fechado e com uma linguagem simples que não faz a pessoa ter o trabalho de
procurar o significado da palavra no dicionário?
Poderia
elencar uma porção de outros motivos para não ler, mas acredito que não teria
nenhum efeito, afinal quem não gosta de ler nem passou da leitura do segundo
parágrafo desta crônica.
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