“O terceiro homem”, obra-prima do cinema noir
O filme tem Orson Welles como ator e apenas por
isso já valeria a pena assisti-lo. Sou fã de seus filmes como diretor e o considero um
gênio. Já escrevi um longo artigo sobre “F for Fake” (conhecido em português
como “Verdades e mentiras”), que pode ser lido aqui no blog ( e no Cineplayers).
“Cidadão Kane” é um dos melhores filmes de todos os tempos. E sua adaptação de
“O processo”, do Kafka, é uma obra-prima esquecida, com Anthony Perkins fazendo o
papel de Joseph K. Não sei por que ainda não havia visto “O terceiro homem”, baseado
em uma história de Graham Greene, porém,
nunca é tarde.
Temos no início desse filme, dirigido por Carol
Reed e lançado em 1949, um narrador descrevendo a cidade de Viena pós-Segunda
Guerra Mundial, o mercado negro e o policiamento formado por quatro nações
divididas por zonas, informações importantes para entender a história. O narrador
também nos apresenta Holy Martins, “chegando feliz da vida e duro como nunca”
dos Estados Unidos a convite do amigo Harry Lime para trabalhar com ele.
Acontece que o amigo acabou de morrer em um acidente. No entanto, informações
desencontradas de pessoas conhecidas de Lime o levam a desconfiar das
circunstâncias da morte e investigar o que realmente ocorreu.
Holy é escritor de livros populares, de faroeste, e,
em uma das cenas é convidado para uma palestra. A plateia, porém, lhe pergunta
sobre James Joyce, fluxo de consciência, influências literárias... Por mostrar
desconhecimento, o público vai embora. Ele é o cara errado no lugar errado,
assim como não deveria estar em Viena envolvido na trama que envolve a morte do
seu amigo.
Acaba descobrindo, por meio de um policial, que
Harry era responsável por vender no mercado negro penicilina adulterada,
gerando a morte e doença de dezenas de pessoas, principalmente crianças. Por
isso, decide ajudar a polícia a resolver o caso e, de quebra, buscar inspiração
para um novo romance. Por falar em romance, Holy se apaixona por Anna, namorada
de Lime, paixão, em princípio, não correspondida. Aliás, no final do filme
acontece uma das cenas mais lindas da história do cinema, na minha modesta e
não tão qualificada opinião. Procurem assistir e me respondam depois se
concordam.
Não quero revelar muita coisa do enredo, cheio de
reviravoltas e surpresas. Registro, no entanto, mais uma aparição magistral e
hipnotizante de Orson Welles, que, das poucas vezes em que aparece no filme,
comprova sua importância para a história do cinema. Diz-se, inclusive, e ele
próprio confirmou em entrevistas, que as cenas em que atua teriam sido
dirigidas por ele e não por Carol Reed, o qual, por sua vez, desmentiu a
afirmação. Mais uma polêmica envolvendo o cineasta ou, simplesmente, mais um
jogo de verdades e mentiras de sua vida.
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