Um romance sobre o suicídio
No primeiro romance
da poeta Micheliny Verunschk, Nossa
Teresa – vida e morte de uma santa suicida, publicado pela Editora Patuá,
o protagonista é o suicídio. Vocês, meus 2 ou 3 leitores, sabem que é um tema
que me atrai.
Temos aqui a
história de Teresa, uma menina cujo suicídio nos é narrado logo no início. Conhecida
como Beata Teresa de V., consoante que denomina a cidade durante todo o enredo,
ela é a padroeira dos suicidados. Apesar de cometer um pecado contra vida, era
considerada como santa pelos fieis, por isso um Papa, Petrus II, está prestes a
canonizá-la. Ambos viveram na mesma cidadezinha (por sinal, com altos índices
de suicídios), ele sendo o orientador espiritual da jovem, quando era
simplesmente o padre Simão. (Sim, habemus
um papa brasileiro na história.)
Em alguns capítulos,
outros suicídios são mencionados, num mosaico de histórias que preenchem o
romance, inclusive com reprodução de bilhetes de suicidas guardados numa
biblioteca imaginária cujo bibliotecário, se ela existisse, seria o próprio narrador
do romance, um cego, assim como Borges: “O que significam a carta, o bilhete, a anotação feita às pressas, o
diário, o poema, o testamento do suicida? Quantas tristes, curiosas,
eloquentes, saudosas, raivosas mensagens se acumulam nas palavras finais
daquele que nos deixa. Quanta culpa deixou de herança o seu suicida? (...) a
regra diz que, caso se quisesse, poderia ser erguida uma Biblioteca de Babel
com todas as mensagens desses náufragos”.
Um texto poético sem
ser um poema, num enredo que se passa no futuro (ou numa realidade alternativa),
porém distante da ficção científica, com reflexões filosóficas, no entanto
avesso à teoria. Trata do suicídio, mas também de religião, fé, fanatismo,
tabus. Um belo romance.
Só pra constar, um
poema da autora já apareceu aqui no blog devido ao tema suicídio: http://cassionei.blogspot.com.br/2012/01/poemas-sobre-o-suicidio-ii.html.
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