Diário de um fracasso anunciado: as angústias da criação (V)
01/02/2012
Não sabemos se o que
escrevemos é bom. Isso é fato. Por mais que fulano tenha em suas costas um
número de leituras de outras obras suficiente para poder julgar o trabalho
alheio, ele jamais poderá julgar sua própria escritura. Não pode dizer que seu
trabalho é bom. Não pode dizer que seu trabalho é ruim. Tanto aquele que “se
acha” o escritor do momento, quanto aquele que queima seus manuscritos (penso
num Sabato, por exemplo), estão sendo desonestos consigo mesmos. É necessária a
leitura de outra pessoa. Outra não, outras, pois apenas um leitor também não
nos dá um parecer mais próximo da verdade. Para um leitor a obra pode ser muito
boa, enquanto que para outro a obra pode ser colocada num patamar tão inferior
que nem mesmo servirá para calçar estantes bambas de uma biblioteca.
Também não enxergamos
erros gramaticais. Por maior que seja o número de revisões, faz-se necessário o
olhar de uma pessoa mais atenta, que leia com distância o texto. Digo isso
porque sou professor de língua portuguesa e, mesmo assim, os erros pulam da
página quando são lidas, por exemplo, pelo orientador da dissertação ou pelo
revisor do jornal para o qual escrevo regularmente. Que o digam os leitores do
blog, que já devem ter se deparado com alguns erros. São poucos os deslizes,
porém, existem.
Comentários