Mistério no Acre
(Fonte da imagem: G1)
O caso do jovem
estudante desaparecido no Acre é uma história maluca, que nos deixa com uma
leve desconfiança de que há uma jogada de marketing em curso. Para quem ainda
não conhece a história, o estudante de Psicologia Bruno Borges desapareceu de
sua casa, no Acre, no dia 27 de março, deixando, para surpresa (será?) dos pais
que voltaram de uma viagem de férias, seu quarto com as paredes repletas de símbolos
e escritos codificados, tudo de forma bem organizada, nada caótico, bem como 15
livros encadernados igualmente em código, além de uma estátua do filósofo
Giordano Bruno. Não havia quase nenhum móvel no cômodo, sequer uma cama, de
acordo com as imagens divulgadas. O que se sabe é que ele trabalhava em um
projeto que visava o bem da humanidade e buscava um financiamento para tanto, obtido
em parte por um tio.
Difundida a história
através das internet, parte do material deixado foi decodificado, e não trouxe,
no meu ponto de vista, nada de genial como alguns preconizam. Um amontoado de
ideias retiradas de livros de filosofia, outras tantas de livros místicos e só.
Todo o auê em cima do caso, porém, vai atrair um bom contrato com alguma
editora, não resta dúvida.
O que me encantou no
caso, num primeiro momento, foi a ideia de um jovem se trancar no seu quarto e
se dedicar aos estudos, à leitura, à escrita de livros, milhares de páginas
inéditas que viriam a público na hora certa, mesmo que essa hora fosse a morte
do autor. Planejei muitas vezes fazer algo parecido, confesso, quando morava,
vejam a coincidência, numa rua chamada Acre! A sorte, talvez, é que na minha
juventude eu dividia o meu tempo de leitura com amigos, música, festas e depois
com minha namorada, que hoje é minha esposa. Da mesma forma, não consigo
guardar nada do que escrevo, tenho que dar à luz os textos. Por isso, quase
tudo que escrevi eu já publiquei (eu disse quase tudo).
O resultado do
trabalho desse jovem, no entanto, parece ser algo místico ou relacionado à ufologia,
alquimia, sei lá, sendo esses assuntos, presumivelmente, considerados por ele como
verdade absoluta que a humanidade precisa conhecer para seu crescimento e blá,
blá, blá.
Pelo que consta no
site do jornal O Globo, Bruno Borges desapareceu com celular, um HD de
computador e roupas. Logicamente, está escondido em algum lugar, pronto para
aparecer e receber as loas que alguns já estão promovendo para ele. Nada de
abdução ou coisa parecida que alguns estão afirmando. Tampouco o sujeito é a reencarnação
de Giordano Bruno, apesar do nome e das semelhanças com o filósofo, como se
percebe comparando uma foto do jovem com uma ilustração de Giordano.
Vale destacar também
o sobrenome Borges, que nos lembra, é claro, o escritor argentino, que escreveu
belíssimos contos sobre temas místicos. Nada a ver, no entanto, com o que o
Borges tupiniquim deixou.
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