Diário crítico (6)

 

12 de novembro de 2020


O livro de ensaios e conferências “Trinta anos professando Cortázar” apareceu de graça na internet em PDF, no site de uma universidade. A leitura dos textos me fez reler alguns contos do Cortázar, entre eles “Las babas del diablo”, e assistir à adaptação do conto, “Blow up”, do Antonioni, já engatilhada há anos, arquivo que baixei na internet em 2009, numa época em que o compartilhamento de clássicos era mais acessível.

Já se escreveu muito sobre o conto e o filme, sobre a fotografia revelar um instante, sobre o que é real na imagem que vemos, sobre a representação, sem contar as diferenças de abordagens temáticas na história que virou duas: o filme não traz o tema da pederastia, mas sim um assassinato que é descoberto a partir da revelação de fotos de duas pessoas num parque.

O que ainda é um mistério para mim é a suposta participação do Cortázar no filme. Há algumas fontes, entre elas o blog do escritor Bráulio Tavares, que já mencionei antes neste diário, que mostram dois frames do filme sugerindo quem seria o escritor. Poderia ser as duas fotos ou uma, não se sabe. Braulio lembra que não há nenhuma menção nos textos, nem mesmo em cartas de Cortázar, sobre sua participação nas filmagens. Antonioni pode ter deixado no ar isso, justamente para dar ênfase à discussão sobre a imagem, se ela capta o real ou não, se podemos confiar na lente do fotógrafo, se podemos confiar no cineasta, se podemos confiar no escritor. A arte mente.  




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