Qual a essência do carnaval?

por Cassionei Niches Petry

No Brasil, a primeira coisa que vem à mente quando se fala em carnaval são os desfiles das escolas de samba. Em algumas regiões do país, são os trios-elétricos ou o frevo. Mas seria o carnaval uma festa brasileira? Quantas pessoas não estranham quando ouvem falar do carnaval de outros países? Mas essa festa existe há muitos anos, em muitas partes do mundo e com significados diferentes.

Como todos os festejos que comemoramos durante o ano, o Natal é um exemplo, o carnaval tem origem pagã, mas a Igreja o instituiu no seu calendário como uma festa cristã. Moderada, claro. Era chamada de “carnem levare”, a despedida da carne, já que a partir da quarta-feira de cinzas deve-se, segundo os preceitos religiosos, fazer jejum e penitências, período chamado de Quaresma e que antecede a Páscoa (outra festa não cristã que foi “sequestrada” pela Igreja). Antes, porém, os festejos eram realizados para comemorar a proximidade da chegada da primavera no hemisfério norte e cultuar diferentes deuses, dependendo da cultura. Na Grécia antiga, o deus cultuado era Dionísio.

Dionísio era o deus do vinho, dos festejos e da fertilidade. Daí a relacioná-lo com o carnaval é um passo. Afinal, nessa festa as pessoas bebem muito, se divertem e, claro, se deixam levar pelos prazeres da carne, resultando, muitas vezes, em gravidez indesejada. Costuma-se dizer que no Brasil o mês de novembro é o que computa o maior número de nascimentos. Na mitologia romana, Dionísio é relacionado a Baco, e as festas em sua honra eram chamadas de bacanais. Preciso entrar em maiores detalhes? Quando a festa partiu para esse lado, o carnaval passou a ser condenado pelos religiosos.

Com o passar dos anos, a festa foi agregando novos significados e novas formas de comemoração. Em Veneza, por exemplo, um dos carnavais mais conhecidos no mundo, surgiu quando a nobreza começou a usar máscaras para se misturar ao povo e se divertir. O carnaval, portanto, não é uma festa genuinamente nossa e não pode ser considerada como representativa do povo brasileiro, até porque muitos preferem realizar outras atividades nesse período. É uma festa importada (assim como está acontecendo com o Dia das Bruxas, muito criticado por ser uma festa americana) e adaptada ao nosso jeito.

A diversão seria a palavra que mais tem a ver com o carnaval. É uma festa popular e, como em toda a festa, o que se quer não é esquecer um pouco os problemas, cair na folia, ter liberdade para extravasar? Como escreveu o filósofo Nietzsche, contrário à moral religiosa que sufoca nossos instintos, devemos deixar aflorar o lado dionisíaco que temos, pois “felicidade é sinônimo de instinto”. Então pode ser qualquer tipo de música, não só o samba, marchinha, axé ou frevo. Até o rock serve. Pois justamente os desfiles de escola de samba, da maneira como estão sendo realizados atualmente, perderam muito dessa essência que é a diversão. A disputa por títulos é a grande culpada por isso (como no futebol, em que uma taça vale mais do que um jogo bonito). As escolas, ao seguir à risca o cumprimento de quesitos para obter boas notas, engessaram suas apresentações. E carnaval com regras, sem liberdade, não é carnaval.

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Falando em carnaval, para quem não é muito chegado em samba, que tal participar de um festival de rock durante a Folia de Momo? Pois o blog Lágrima Psicodélica, juntamente com seus parceiros (entre eles este blog) que transmitem a Rádio Web Underground Lágrima Psicodélica, estará realizando o seu 1º Festival Virtual nos dias 13 e 14 de fevereiro, com feras do Rock internacional. Como os ingressos estão esgotados, a rádio transmitirá o evento. É só ficar aqui no Porém, ah, porém e curtir as atrações:


Comentários

Leandro Haupt disse…
Interessante. :)

Não sou fã de carnaval (bacanal parece bom :O), já que não bebo, não resta muita coisa. º-º

Legal a ideia do "Festival Virtual" vou tentar ouvir.
Cassionei Petry disse…
Eu já gostei de carnaval, saí até em escola de samba, mas hoje já não gosto mais. Beber, também parei.
Jorcenita disse…
Eu, agora, curto carnaval, bebidas destiladas, cigarros e acredite: até sexo!
Cassionei Petry disse…
Esse é o lado Jô ou o lado Nita?
Eu deixei de curtir carnaval, parei de beber cerveja, cigarro não fumo desde os 15 anos (salvo quando estou bêbado).Quanto ao sexo, bem, minha esposa acho que não tem o que reclamar.
Thainá Moura disse…
http://portalfloresnoar.com/floresnoar/a-essencia-do-carnaval-e-tirar-os-super-egos-castradores-e-ordenadores-da-vida-social-por-leonardo-boff/

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