Cassionei Niches Petry lê, escreve sobre literatura e pratica filosofices.
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Minha edição preferida de Rayuela
Um novo membro da minha biblioteca: a edição que, para mim, é a melhor já feita de Rayuela, do Cortázar. Antes eu tinha apenas uma versão em e-book de um dos meus livros prediletos. Faltava tê-lo impresso.
Se estivesse vivo, Cortázar aprovaria a edição em e-book de Rayuela, ele que inventou a rayuel'o'matic. Com o e-book, é só clicar no hiperlink de cada capítulo e se pode pular facilmente de um a outro. Nada de heresia nesse caso.
Apesar de Volta ao Dia em 80 mundos e Último Round não serem mais que um blog impresso, discordo contundentemente dessa sua afirmação. Lestes O Livro de Manuel? Pois o grafismo inovador neste romance revela, em suas anotações abaixo das linhas do texto, em seus textos paralelos com tamanho de letra desiguais, que Cortazar era um desses amantes de livros que jamais aceitaria outra plataforma menos intimista e visceral para a expressão de suas ideias do que a página rabiscável e dobrável. A graça desse artifício de Rayuela é justamente a manipulação das FOLHAS, a procura não tão facilitada pelo capítulo indicado_ numa metáfora à procura da Maga. Estava distante das intenções de Cortázar um mísero aperto em um link que desbaratava sem charme e sem recolhimento a intimidade com o romance.
Teu argumento é desmontado pela rayuel'o'matic, que aparece em "la vuelta...", em que se bastava puxar uma gaveta para se chegar ao capítulo escolhido. O culto ao livro impresso não invalida o não impresso.
Pois é, Charlles, tu mencionaste o "La Vuelta Al Dia En Ochenta Mundos", mas não o conhece. Aqui um exemplo do que seria a rayuel'o'matic, imagem do livro citado: http://www.literatura.org/Cortazar/Vuelta_al_dia/LV84.gif
Realmente nunca havia ouvido falar disso. O desenho do link não me parece nem um pouco convidativo. Mas sugiro que você leia Bauman, Baudrillard, Zizek (especialmente Vivendo no Fim do Mundo), para ver que a discussão em torno dos livros digitais e das demais parafernálias que aos poucos "democratizam" as obras intelectuais, não gira em torno da inviolabilidade do conteúdo. O problema é que, de pouco a pouco, já se torna certeza consuetudinária a desobrigação do criador em receber pela sua cria. O e-book é um instrumento para se adquirir tudo já escrito via download, como vem sendo feito com a música e filmes. Se você se empenhar na leitura desses autores, verá que há uma astúcia por detrás desses discursos de que o cd continuará, apesar do download, e o livro continuará, apesar do ebook, kindle, etc. Você, que está para lançar um livro, disponibilizaria ele para download? A questão, aliás, pouco tem a ver com a sua permissão ou não. Se houver algum interesse mercadológico, seu livro vai estar, de GRAÇA, em diversos computadores, e quem vai lucrar serão os conteúdos para propagandas dos mediafires, etc.
Pergunta: a versão para ebook do Rayuela, você a comprou ou a baixou de graça. Seja sincero. Eu tenho aqui vários livros baixados, inclusive toda a série Dark Tower d Stephen King, e Conversa na Catedral, do Llosa, além de 2666 e uma pancada de Bolaño. À exceção de King, os outros títulos eu os comprei impressos. Mas não tenho o mínimo saco para ler na tela.
Gostaria de me fixar na ideia inicial, que é o e-book do Cortázar. Teus argumentos não foram suficientes para afirmar minha condiçao de herege (que, lógico, foi um brincadeira). Demonstrei que Cortázar aprovaria um e-book com hiperlink, mesmo que tu aches o desenho, feito pelo próprio Cortázar, "pouco convidativo". Mas concordo plenamente com relação a "figuras e firulas". Coisas como "desenhos que se movimentam" e outra coisas, já não mais literatura, que se vale tão somente das palavras.
Rayuela eu baixei de graça. Mas, para comprovar uma premissa de que quem se utiliza disso para ler, sempre acaba comprando, comprei meu exemplar impresso. Não o fiz antes pois não achava essa edição que eu queria. Encontrei-a no site da livraira Cultura.
Que coisa sem graça eu trocar todos os meus livros por um kindle contendo-os na íntegra; colocar o aparelinho na estante vazia, lá em cima, e quando quiser ler, deixe-me ver, Eugenides, me sentar na poltrona com a luzinha acesa do tablet nas mãos. Isso não é vida. Melhor desistir e fazer parte do rebanho de todos os dias vendo o Cauã Reynolds na novela. (Cauã Reynolds! Há nome que reflita a boçalidade da cultura brasileira com maior precisão que esse?)
Comentários
Aliás, seja quem for, em e-book!!!!
Raios o param, herege.
http://www.literatura.org/Cortazar/Vuelta_al_dia/LV84.gif
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=30028379&sid=1111511541443020794854018