Diário crônico XIII – O fim do Caderno Cultura
Toda notícia boa vem acompanhada de outra ruim. Estava
exultante pela estréia do caderno PrOA no jornal Zero Hora deste domingo. No
entanto, ao folhear a ZH de sábado, senti a falta do tradicional caderno
Cultura.
O suplemento foi durante muito tempo minha
fonte de literatura e filosofia, numa época em que não havia internet e o
acesso a jornais do centro do país implicava desembolsar uma grana a mais, que
não tinha. Comprava a Zero Hora todos os sábados na bancas da minha cidade e
guardo até hoje aquelas páginas maravilhosas. O primeiro exemplar adquirido foi
em 1996 e só parei no período da universidade, pois meu dinheiro era mais curto
ainda. A biblioteca acadêmica, porém, supria minhas necessidades, com o
acréscimo de outros cadernos, como o “Mais!”, da Folha de São Paulo.
Comecei a comprar esporadicamente a ZH até me
tornar assinante na sua versão digital. E a primeira coisa que fazia na
internet nas manhãs de sábado era conferir o meu amado e idolatrado Cultura. Não
satisfeito, passei de leitor a também colaborador, primeiro com uma réplica a um texto do professor português Elias J. Torres Feijó, em 2012, e depois com um
artigo sobre o romance A cidade, o inquisidor e os ordinários, de Carlos de Britto e Mello, em 2013.
Há alguns anos já havia terminado o
"Ideias e Livros" do Jornal do Brasil, o qual também já não existe
mais na versão impressa; depois, foi-se
o "Sabático", do Estadão. Agora o “Cultura” nos deixou. E sem se despedir
na sua derradeira edição, sem muito alarde.
Pois é, minhas manhãs de leitura no sábado já
foram bem melhores. Pelo menos ainda existe o "Prosa", de O Globo, a
"Ilustrada" (no sábado um pouco mais recheada de literatura), da
Folha de São Paulo, o "Babelia", do El País, da Espanha, o "Adn",
do La Nación, e a "Revista Ñ", do El Clarín, os dois últimos periódicos
argentinos.
Acabou o Cultura, mas
vai ter o PrOA, mas no domingo. O pessoal da ZH ainda valoriza a cultura e as
ideias. Só lamento pelos sábados.Apesar de que dá para
ler o PrOA ainda na tarde de sábado, quando a ZH dominical entra em circulação.
Vamos ver se substitui o Cultura a sua altura.
P.S. às 17h: Boa estreia do PrOA. Minha única crítica continua: deveria ficar na edição de sábado, que esvaziou, enquanto a edição de domingo está carregada.
P.S. às 17h: Boa estreia do PrOA. Minha única crítica continua: deveria ficar na edição de sábado, que esvaziou, enquanto a edição de domingo está carregada.
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